sexta-feira, 3 de abril de 2009

Dunk Island

Na segunda semana ou terceira de estar em Townsville tive a oportunidade de ir passar um fim-de-semana à "Dunk Island" que está a cerca de três horas a norte de Townsville.
Para aceder à ilha tem de se usar um barco táxi e convém levar comida e bebida. A ilha tem também um "Resort" de luxo mas eu fiquei na zona de campismo onde só existe um café com um horário limitado.
A ilha é um paraíso tropical com praias a perder de vista, onde se podem colher cocos directamente das árvores. Existem caminhos marcados que travessam a ilha através da floresta. Convém levar muita água e três horas para apreciar a caminhada e as vistas. As zonas mais altas da ilha são mais difíceis de atingir mas a paisagem é de cortar a respiração.
Para quem tem mais dinheiro (quem me dera um dia...) pode-se entrar num Cessena e sair na pista privada do "Resort" para umas férias de rico.
O grupo com que eu fui eram quase todos franceses e pescadores. Na Austrália (talvez mais pessoas da costa...), como tenho me vindo a aperceber, toda a gente gosta de ir pescar. As noites foram passadas a pescar e a dormir na praia ou no acampamento debaixo das estrelas. Os meus amigos não me pareceram grandes pescadores, só apanhavam tubarões! Pelo menos dois deles tinham mais de um metro de comprimento e apesar de estar perfeitamente em segurança não consegui deixar de sentir uma apreensão que só posso descrever como um medo instintivo ancestral. Também apanharam tubarões mais pequenos que eu aproveitei para ajudar a atirar à água. É difícil descrever a pele de um tubarão mas é mais suave e agradável do que os peixes normais. Logo pela manhã, pegar num tubarão e atirá-lo de volta para a água como se tivesse feito isso toda a minha vida.
Houve um pequeno susto. Um dos meus amigos, à noite, a ir para o acampamento viu um Brown Snake. Uma das cobras mais venenosas do mundo. Bem, eu não vi a cobra mas andava com muito cuidado. Até que, ao andar para o acampamento, vi uma cobra mesmo ao meu lado a saltar para uma árvore. Felizmente era uma cobra verde das árvores que não são venenosas, mas se andava com cuidado, com medo de cobras, não me parece que tenha sido uma indicação de um trabalho bem feito...
Adorei os dias passados na Dunk Island. Recomendo a toda a gente a ir. No regresso ainda paramos em Little Crystal Creek que é uma cascata a cerca de uma hora de viajem de carro de Townsville. Água limpa, refrescante e sem crocodilos... Mais uma vez, a paisagem é imperdível. Imaginem-se a tomar banho, numa cascata, no meio de uma floresta tropical.
Eu já não preciso de imaginar!

quarta-feira, 18 de março de 2009

James Cook University

Logo no primeiro dia que cheguei a Townsville fui à faculdade onde estou correntemente a estudar. James Cook University (JCU ou correntemente nesta zona "Uni"), tem "campus" em Townsville e em Cairns e mais umas ramificações em Singapura e Brisbane (salvo erro). Esta universidade tem a sua maior força nas ciências marinhas e aconselho desde já a qualquer pessoa que seja dessa área e quiser estudar mais a tentar vir para esta universidade. Também aviso que a competição é muito forte.
O "campus" da JCU encontra-se na orla sul da cidade (Townsville), perto de uma da pequenas mas destacadas colinas da cidade e é sem qualquer dúvida uma universidade tropical. A primeira impressão é a de uma pequena selva com edifícios de betão espalhados de forma caótica. Bem, a realidade é mesmo essa, tenho de admitir que os edifícios são feios, feitos de betão e sem grandes cuidados estéticos mas a "selva" dá a esta universidade um carácter muito especial. A melhor característica é que não existe cuidado nenhum, tudo cresce "a la gardere" (espero ter escrito isto bem...). Tem também um riacho que passa mesmo pelo meio do "campus".
Como é costume nos países anglo-saxónicos todos os professores têm um nome em vez de um titulo mas aqui ainda é mais informal com as t-shirts e as sandálias flip-flop e por vezes até descalços!
Nesse dia, o primeiro em Townsville, apanhei logo com o clube de vinho que começa às cinco da tarde todas as sextas e consiste em beber vinho com os professores e alunos de pós-graduação. Com o Jet-lag e o cansaço fiquei logo um bocado tocado...
A JCU é uma faculdade cheia de carácter mas que não aconselho a um turista a vir visitar; existem outros sítios melhores para ver uma floresta tropical... Aconselho sim, todos a virem aqui estudar, especialmente as ciências do mar.

segunda-feira, 9 de março de 2009

The Strand

Meus amigos, peço desculpa de não dar noticias com mais frequência. Tenho andado realmente atarefado. Vou tentar encurtar o tempo que entretanto passou a ver se consigo pôr o blogue em dia.
Bem, a ultima mensagem era que tinha chegado a Townsville...
Fiquei durante a primeira semana e meia numa casa de madeira, ao estilo antigo desta zona da Austrália (Queensland), onde vivem cinco pessoas. Como tinham um quarto vago lá me deram guarida. Essa casa fica mesmo em frente ao "The Strand", que é a avenida das praias e que até tem uma piscina de água salgada. A localização é excelente e ainda tem uma particularidade muito agradável, como a casa fica um pouco recolhida entre dois pequenos prédios de apartamentos foi possível criar uma verdadeira selva toda a volta da casa. É realmente uma casa especial, o único problema é que com tanto mato os mosquitos não me deram quartel. Fiquei a conhecer o Clement, do qual já tinha falado e a Rebecca. A Rebecca é inglesa de uma zona a norte de Londres, que ainda não consegui perceber bem onde, e está a fazer um PhD em biologia marinha, o curso mais forte aqui, por razões óbvias. Gostei muito de os conhecer e já me tem dado muitos frutos, e devido a ter estado naquela casa não consegui deixar de fazer tudo para alugar uma casa na mesma zona.
"The Strand" é uma avenida onde as pessoas vão, normalmente mais ao final do dia mas está sempre com algumas pessoas, para fazer exercício ou ir à praia. As praias não são nada grandes em Townsville mas são de areia fina e como cenário temos a "Magnetic Island", que é uma ilha grande, muito próxima da costa e completamente verde. A água é do tipo sopa, como seria de esperar, o que não é muito refrescante, pelo menos nesta altura do verão. Pelo que me disseram o inverno aqui tem muito melhor tempo que o verão, que é a estação das chuvas. O que mais me impressionou foram as redes na praia. Eles têm umas redes, grandes o suficiente para uma pessoa nadar à vontade, que servem para proteger os banhistas. Em todas as outras zonas, sem rede, existem placas com proibido nadar devido às alforrecas, do tipo Caravela Portuguesa. Eu, como Português que nada em todo o lado sem grande receio, experimentei ir até à borda de uma dessas redes e limitar-me a olhar para lá dela. Tive a sensação que ia saltar um crocodilo direito a mim a qualquer momento! Curiosamente, contaram-me que pouco antes de aqui ter chegado, devido às cheias um tipo atropelou um crocodilo em plena estrada de cidade. Deve ter pensado que era uma lomba... Também é verdade que desde que cá estou, umas três semanas parece, já vieram nadar para junto da costa crocodilos de água salgada por duas vezes. Bem, a realidade é que apesar disso tudo vejo com frequência aulas de surf com adolescente a nadar em cima de pranchas, fora das redes. Uma grande diferença nesta avenida é que apesar de ser a avenida das praias e dos passeios familiares existe apenas uns quantos cafés e restaurantes. Discretos e realmente pouco frequentes, em Portugal e na Europa em geral esta avenida, como muitas que conheço, estaria completamente povoada de cafés, bares e restaurantes.

É completamente impossível conseguir por este blogue em dia....

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Links, seguidores e mensagens

Um pequeno aparte:

Eu tenho no meu blogue dois links. Um é a fabulosa Angelita (mas vocês tratem-na com respeito, ou seja, por Angela). Ela tem um blogue que eu adoro, muito ecléctico (para todos os gostos, ignorante...!). Foi minha colega no Alentejo e já agora deixo-lhe um "beso" especial.

A Marta Plantier é outro link. Como alguns de vocês sabem, a Martinha (mais uma vez respeitinho!) é uma grande cantora. Para mim, honestamente a melhor voz de Portugal. De qualquer forma dêem um salto ao link e oiçam por vocês mesmos.

Não sei se já notaram mas existe um texto a azul que diz "seguir este blogue" - Vejam lá se carregam nele e passam a seguir este blogue.

Para acabar este (quase) puxão de orelhas. Eu gosto muito de receber os vossos mails mas se por acaso for um comentário ao blogue ou algo que seja interessante lá escrever, escrevam lá! Um blogue vive dos comentários e eu (apesar de saber que estou muito atrasado nos comentários) gostaria que o meu tivesse vida para além de mim...

Beijos e Abraços

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Townsville (A chegada)

Quando cheguei ao aeroporto de Brisbane, tenho de admitir que estava um bocado nervoso. Tinham dado no avião um formulário onde se tinha de responder por quanto tempo se iria ficar na Austrália e mais uma série de coisas como se se trazia medicamentos e afins. Eu, um pouco cobarde, respondi que sim a uma data de coisas, tudo porque tinha umas botas de campo e alguns medicamentos. Outra coisa que me enervava era que eu estava a entrar com um visto de turista e mas na realidade vinha para estudar um ano. Aparentemente fiz muito bem, não me deram qualquer problema pelo tempo, pelos medicamentos e como bónus resolveram limpar-me as ditas botas. Fiquei logo bem impressionado com a Austrália, gente sorridente, prestável e em vez de criar problemas criam soluções. Devo desde já dizer que continuo com a mesma impressão.
Tive então de fazer o transfere para o outro terminal, o doméstico. Saí do aeroporto e estava a chover torrencialmente no meio de um calor um bocado opressivo devido à humidade. O que mais me impressionou na chegada e que continua a impressionar é a felicidade que as pessoas demonstram. As pessoas sorriem enquanto andam e cumprimentam-se, normalmente com um sorriso mais rasgado ou com um pequeno aceno de cabeça. Eu até estou habituado a que as pessoas se cumprimentem, devido a ter trabalhado em sítios pequenos em Trás-os-Montes e no Alentejo, mas aqui é diferente. Talvez seja a falta de espalhafato com que se cumprimentam, quase como uma obrigação, ou simplesmente a alegria e facilidade com que o fazem. Bem, não entendo muito bem a diferença mas ela existe.
O voo de Brisbane para Townsville foi de curta duração (cerca de duas horas) e passei-o todo a dormir. As hospedeiras até me deixaram uma sandes ao lado que me soube lindamente quando acordei. A chegada ao aeroporto foi algo engraçada, eu ia ter o Clement à minha espera. O Clement é um francês, estudante de doutoramento em geologia que o Nick (meu supervisor) tinha cravado em meu nome para me ir buscar à chegada e, ainda por cima, me acolher na casa dele.
Muito tenho eu a agradecer ao Nick...
Bem, mal cheguei ao aeroporto fui directo para a recolha das malas mas cedo me apercebi que a recolha das malas é a mesma sala (provavelmente a única) onde as pessoas esperam quem chega. Ora eu não sabia como é que o Clement era fisicamente e fiquei a olhar ora para as malas que saiam ora para as pessoas que entravam. A mala eventualmente lá saiu e o Clement entrou. Devo dizer que o Clement é um tipo porreiro, foi-me buscar, aceitou-me em casa dele (junto com a Rebecca, mas já lá vamos) e ainda se preocupou em me passear e fazer sentir em casa.
Tenho tido mesmo muita sorte!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A Viagem (continuação)

De Londres fui para Singapura. um voo de cerca de 14 horas. Fiquei sentado na janela o que ao princípio pensei que fosse ser bom mas depois de algumas horas, de certa forma preso num canto a ter de passar por mais duas pessoas só para poder esticar as pernas percebi que é na realidade um dos piores lugares para viagens longas.
O aeroporto de Singapura é apenas um aeroporto com todas as lojas e restaurantes de qualquer comum aeroporto mas com algumas diferenças. Todo o aeroporto é muito limpo; existe uma brigada geriátrica com as suas velhinhas que andam por lá a ajudar os turistas a encontrar a porta de embarque e a dar conselhos como porque não ir dar umas braçadas à piscina. Piscina?! Num aeroporto? Pois é havia uma piscina, infelizmente não tinha assim tanto tempo e tinha mais fome que calor. Fui para uma esplanada num terraço e senti pela primeira vez o calor húmido das zonas tropicais. Sensação estranha, apesar de já ter passado por temperaturas de 40 e, raramente, de 45 graus em Portugal e Espanha estes 30 graus húmidos pareciam-me muito mais. Agora que já estou mais habituado até gosto desta humidade mas não consigo dizer se para mim o calor seco do mediterrâneo é melhor ou pior do que o calor húmido dos trópicos. A esplanada até era simpática e dava para fumar o que me soube incrivelmente bem depois daquelas horas todas enfiado num espaço menor que o meu corpo. Conheci uma australiana nessa esplanada. A típica australiana, loira de olhos azuis, sorriso franco e dentes perfeitos. Ela ia para Melbourne depois de ter andado a trabalhar nos EUA e em Inglaterra; e claro como todos os australianos também já tinha viajado por uma quantidade infinita de países e ficado alguns meses nalguns deles. Falamos, para não variar, de todos os animais que podem matar na Australia (não sabia que o raio dos sapos também são perigosos...) e ensinou-me algumas expressões australianas que, com a memória que tenho para estas coisas, esqueci passado cinco minutos. Gostei desta australiana, simpática, directa e também bem bonita.
Eventualmente lá apanhei o avião para Brisbane, mais umas 7 horas de voo. Como passei a maior parte do tempo a ver um filme e a dormir até passou bem. Dentro do possível claro pois estava novamente sentado à janela. Felizmente desta vez só tinha de passar por uma pessoa. No fim deste voo finalmente pisei solo Australiano.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Skype

Para quem quiser falar comigo no Skype:

joao.a.babo ou pelo email: joao.a.babo@gmail.com

A diferença horária é de 10 horas.